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Bulgária

O quique na Bulgária

Foi assim que passamos pela Bulgária – entramos com uma roda e saímos com a outra. Estava claro para nós que as aventuras que queríamos estavam mais à frente. Optamos, então, por ganhar tempo e passar rápido pelas terras búlgaras. 

Já no primeiro dia rodamos bastante. Logo após a fronteira com a Romênia avançamos sem parar, sempre tendo o Mar Negro à nossa esquerda. Vez por outra, nos aproximávamos do litoral e a Du ficava de orelha em pé, aguardando uma cena um pouco melhor para tirar uma foto. O Mar Negro era novamente de um azul muito bonito, mas, como a estrada não se aproximava o suficiente, ela ficava choramingando preocupada com o diário da Bulgária. 

Nosso objetivo nesse dia era alcançar a cidade de Burgas. Paramos para almoçar em Varna, onde fomos muito bem recebidos. No próprio restaurante recebemos a dica de parar um pouco antes de Burgas e tentar uma acomodação melhor e mais barata. Voltamos à estrada...
O dia estava quente e agradável. O céu claro nos fez esquecer da quantidade de chuva que tínhamos encarado nas semanas anteriores.  

Chegamos ao tal local indicado e desistimos. O sol ainda pairava bem alto no céu e ainda estávamos a quase uma hora de distância de Burgas. Arriscamos um pouco mais de estrada. 

Ao mesmo tempo em que avistamos Burgas bem ao longe, vimos também a entrada de uma cidade com uma ou duas placas de hotel. Pareceu-nos perfeito. A cidade chamava-se Pomorie e, como uma península, avançava graciosamente pelo Mar Negro.  

Seguimos uma das placas de hotel até encontrarmos um local extremamente agradável. Uma rua à beira do mar com diversos barcos de pesca e um pequeno cais. A brisa era fresca e convidativa a uma caminhada. 

Paramos no hotel. Fui ao banheiro enquanto a Du fazia o primeiro contato com a recepcionista. Na volta, a Du estava branca, como se tivesse visto um fantasma! “O que houve?!”, perguntei. “A recepcionista é maluca! Saiu me destratando sem o menor motivo! A pessoa mais grossa que vi até agora...”. Estávamos na frente dela, falando em português. Falei que poderia ser falta de paciência por não falarmos a língua dela, mas a Du replicou dizendo que ela falava um bom inglês. “Bom, então, não tem explicação”. Saímos da recepção do hotel deixando a troglodita nos olhando com cara de curiosa. 

Logo à frente, na mesma rua, dos mesmos barcos, encontramos outro hotel e outro tratamento. Um cara novo nos atendeu com toda a cordialidade e simpatia. Descemos as malas e combinamos em sair para tirar umas fotos do pôr-do-sol, que prometia ser bonito. 

Chegamos ao cais e a luz estava fantástica para as fotos dos pequenos barcos de pesca. Porém, na hora do pôr-do-sol, o que era promessa de beleza tornou-se, na verdade, um dos entardeceres mais bonitos até agora. As fotos da Bulgária estavam garantidas! 

Saímos cedo para mais estradas. Rodamos igualmente tranqüilos até o final do litoral. Entramos para as montanhas e fomos em direção à fronteira. Junto com a subida de uma pequena serra, veio a piora infernal da estrada. Tivemos que rodar bem lentos até aparecerem os primeiros sinais dos pontos de controle. 

Ainda na Bulgária, demoramos um pouco a conseguir o carimbo de saída do Pezão no Carnê de Passagem. Assim como na Holanda, o pessoal olhou nosso “documento de Marte” e não quis assinar. Só se convenceram quando mostramos alguma insistência e os carimbos holandeses da entrada.

O lado turco foi também muito rápido. Sem precisarmos de visto nem do Carnê, recebemos carimbos e sorrisos o tempo todo. Pouco mais de uma hora depois de chegarmos à fronteira, estávamos alegres e entusiasmados nos primeiros quilômetros das excelentes estradas da Turquia. 

Não tivemos tempo suficiente na Bulgária para termos alguma opinião mais detalhada do país e sua gente. Os tratamentos opostos que recebemos de diferentes pessoas dificultam ainda mais esse trabalho. O importante era que nosso objetivo fora alcançado, e conseguimos cruzar o país sem problemas. 

Tínhamos agora a nítida sensação de que uma nova etapa de aventuras estava começando. A Turquia era a ponte entre a Europa e a Ásia e o clima árido que começávamos a ver nos remetia aos desertos e às histórias de toda a região. Mal podíamos esperar por vivê-las!