Europa

Romênia

Romênia – passeando nas altas montanhas da Transilvânia

Realmente foi uma grande notícia para nós quando, nas pesquisas iniciais do roteiro da viagem, soubemos que Hungria, Romênia e Bulgária tinham aderido à União Européia. A quase inexistência de burocracias transformou a cruzada das fronteiras um verdadeiro passeio e um ganho de tempo. Isso teve importância vital na escolha do nosso roteiro por esses países, pois queríamos avançar razoavelmente rápido por eles e entrar logo no Oriente Médio. 

Assim, rumando leste, entramos na Romênia. Nosso primeiro destino foi um camping que a Du achou em uma pequena cidade chamada Aurel Vlaicu. A cidade era tão pequena quanto fascinante. Trafegando pelas pacatas ruas do vilarejo, pudemos observar seus simples habitantes contemplando o pouco movimento na rua, em uma aparentemente tradicional rotina. Era como se entrássemos em uma bolha e pudéssemos perceber o tempo passando mais devagar. 

Encontramos o camping, administrado por um casal de holandeses, já perto do anoitecer. Montamos a barraca ao mesmo tempo em que falávamos com Alexandre e Julius pelo computador. Após uma noite um pouco fria, nada comparada às anteriores na barraca, saímos em direção às Fagaras Mountains. Foi, na verdade, uma dica do pessoal que nos levou a colocar a subida pela serra como boa alternativa de paisagem. 

Rodamos bastante esse dia, e fomos novamente acompanhados pela chuva. Paramos para almoçar na turística Sibiu, e seguimos adiante. 

Chegamos então a uma encruzilhada: em frente, manteríamos o rumo leste em estradas planas e ganharíamos tempo; ao sul, as montanhas e promessas de bonitas vistas. A segunda opção, com a chuva, não nos parecia um programa muito interessante. A solução veio através da sorte da existência de um hotel exatamente no cruzamento. Paramos por lá e combinamos de decidir nosso destino no dia seguinte, de acordo com as condições climáticas. 

O amanhecer trouxe algum resíduo de sol, o que nos animou a subir a serra. Após alguns quilômetros rodados, e centenas de metros subidos na Transfagarian, a decisão foi recompensada: a paisagem era fantástica! A visão da estrada sinuosa que íamos deixando para trás garantiu as boas fotos para o diário de bordo do país e deixou a fotógrafa mais feliz. 

Após chegarmos ao topo da montanha, ultrapassamos um túnel espantosamente escuro. Além de não haver nenhuma luz, o túnel estava totalmente tomado por uma espessa neblina. Andando a pouco mais de dez por hora, nada se via. A Du falou: “liga o farol!”. Respondi: “tá ligado no alto!”.
Vimos, literalmente, uma luz no fim do túnel e alcançamos o outro lado. Fizemos, então, a descida em uma situação oposta à subida – não enxergávamos absolutamente nada! Todo o nosso esforço era destinado a conseguir ver a estrada e descer em segurança. Não sabíamos, e não sabemos até agora, como era a paisagem do lado sul da serra.  

Com o final da descida, a viagem tensa sob a neblina deu lugar a um excelente passeio. Tudo muito verde e bonito. Cruzamos por toda a região até chegar à cidade de Bran, lar do lendário Castelo do Drácula. Nada muito empolgante, valendo só uma descida do carro para algumas fotos. 

Pouco depois, estávamos novamente em um camping preparando o jantar e a cama. Esse camping era próximo de Rucar, no caminho para Brasov. Foi uma noite tranqüila, na companhia de uma simpática e carente cadela que apelidamos, não sei por que, de Violeta. 

Acordamos cedo e, rapidamente, botamos o pé na estrada. Seguimos com céu claro até a cidade de Brasov, onde demos algumas boas caminhadas e achamos um excelente almoço. A cidade era realmente agradável, mas não conseguimos conter os risos quando vimos várias tendas com os dizeres: “Brasov – probably the best city in the world”. Achamos, assim... um pouco exagerado. 

Seguimos viagem em estradas largas até as cercanias da capital, Bucareste. Tínhamos mais um camping nos esperando. Na chegada, optamos por ficar em uma das cabanas, apesar do cheiro de lugar fechado, para ganhar tempo na desmobilização do dia seguinte. 

Saímos pela manhã em direção ao litoral. Antes, porém, demos umas rodadas por Bucareste, somente para a conhecermos superficialmente. A cidade não se diferencia muito de outras capitais dessa região, então paramos apenas para tirar uma foto do famoso, e bizarramente grande, Parlamento.  

Rumamos para a estrada com o objetivo de atingir o litoral romeno do Mar Negro. Chegamos à cidade de Mamaia razoavelmente cedo e acampamos bem próximos ao mar. As águas do Mar Negro dessa região deixaram a desejar. Pelo menos, no dia em que estivemos por lá – eram extremamente barrentas. A noite foi tranqüila e de ótima temperatura. 

O dia seguinte era, novamente, de estrada. Contornamos todo o litoral do Mar Negro em direção à fronteira da Bulgária. O Mar Negro, ofendido com nossa primeira avaliação, mostrou outro lado extremamente bonito e imponente – passamos por águas incrivelmente azuis ao sul de Mamaia

Cruzamos a fronteira ainda cedo, a tempo de rodar bastante na própria Bulgária. A vontade de avançar mais rapidamente por essa região, e o pequeno tamanho da Bulgária, nos fez programar somente uma noite no país. Guardaríamos o nosso tempo para a esperada Turquia. 

Os búlgaros que nos perdoem, mas íamos quicar em seu país e seguir em frente.