Europa
Holanda
O reencontro da Holanda e do Pezão
A nossa viagem de avião de Praga para Amsterdã foi repleta de entusiasmo. Primeiro, iríamos rever a cidade da liberdade. Segundo, havia chegado a hora de reencontrar o nosso amigo de metal.
Poucos minutos após a chegada do nosso voo, já estávamos em um trem rumando para o Centro de Amsterdã. Escolhemos, propositadamente, um hotel bem próximo da estação central de trens da cidade, pois era também de trem que iríamos para Rotterdambuscar o Pezão. Perfeito.
Chegamos à estação e começamos a andar em direção ao hotel. No caminho, passamos por um bar repleto de torcedores de futebol. A aglomeração era grande, valendo até a presença de policiamento – Era dia de jogo do Ajax! Nada melhor para animar ainda mais a noite.
E íamos andando... Quando chegamos ao hotel, olhamos para os lados: um bar, outro bar, um coffee shop, uma sex shop, outro coffee shop... mais um bar, mais um coffee shop... “Estamos bem no meio do Red Light District!”, gritamos ao mesmo tempo. O que poderia parecer um problema para alguns, tendo em vista os avisos do nosso livro guia, para nós, foi boa notícia. Estávamos perto da agitação e poderíamos dar várias voltas pelo Centro simplesmente caminhando.
Deixamos as malas no hotel e rapidamente saímos para a rua. Demos algumas voltas para a Du tirar umas fotos e entramos em um bar para tomar uma cerveja e ver o jogo, que acabou em um empate. Uma excelente noite.
No dia seguinte, demos várias voltas pela cidade. Entre bicicletas, bares e outros atrativos, aproveitamos cada minuto. Logo depois era hora de zarpar em direção à Rotterdam e ver como seria o trabalho de desembaraço da papelada do Pezão.
A viagem de trem foi tranqüila. Chegamos a estar completamente sozinhos no nosso vagão. Uma curta viagem de táxi, na sequência, e rapidamente estávamos na empresa que contratamos para o serviço burocrático da importação temporária. Mais vinte minutos e já estávamos na alfândega holandesa. Aí, emperrou. O pessoal de lá olhou para o Carnet de Passage como se fosse manuscrito de Marte e ficaram com uma cara de “que faço com essa porcaria?”. Era o que faltava. Era um tal de vai para lá e vem para cá e ninguém falava nada. Depois de vinte minutos, falaram que era só aguardar que o carnê seria preenchido. Duas horas depois!, chegaram com o documento e com a informação de que o carro deveria ser vistoriado. “Já vi tudo! Vai ser aquela correria de sempre!”. Tínhamos um limite de tempo para tirar o carro e, como era sexta-feira, se passasse das quatro da tarde... Só na segunda-feira! Fomos até o lugar onde ele estava parado.
Chegamos lá e, finalmente, vimos o Pezão! Foi muito bom ver que ele estava inteiro e sem arranhões. Esperamos mais um pouco e... Liberado! Poderíamos começar a arrumá-lo e partir! Quem bom. Sem correria.
Como sempre, a parte demorada fica por conta da colocação da caixa e da barraca no teto do carro, mas estávamos fazendo cada vez mais rápido. Em menos de uma hora o Pezão já rodava nas estradas da Europa!
Nosso destino era a casa do Arjan e da Inge, dois amigos que fizemos pela internet e que nos indicaram a oficina de Land Rovers. Como era sexta-feira, e o carro só iria para a oficina na terça-feira da semana seguinte, combinamos com eles de fazer uma visita. Para nós seria muito bom, pois os dois realizaram recentemente uma incrível viagem de quinze meses pelos dois litorais da África (www.houdoe-overland.nl). Poder ouvir suas histórias, além das diversas dicas que certamente eles tinham, seria extremamente proveitoso.
Chegamos lá e fomos muito bem recebidos. Os dois são muito boa gente e nos acolheram com toda a atenção. Fomos também muito festejados pela Ilha, uma cadela de Moçambique que eles adotaram durante a viagem.
O final de semana foi ótimo, e passou muito rápido. As conversas e dicas sobre a África foram fantásticas e nos ajudaram a ficar bem mais tranqüilos. No sábado, vimos um tradicional desfile anual de tratores – mais de quatrocentos veículos de todas as cores e tamanhos desfilava alegremente pelos vilarejos da região. No domingo, rolou uma corrida de kart! Sensacional! Arjan, Inge e Ilha, tudo de bom para vocês! Fica aqui o nosso muito obrigado!
Na segunda-feira bem cedo partimos para a cidade onde o Pezão iria receber o trato: Oisterwijk. Já tínhamos passado por ela na Jararacas’ Trip e agora iríamos ficar algum tempo por lá.
Ficamos em uma rotina muito vida mansa por uma semana. Sem o Pezão, nosso meio de condução diário ficou por conta das magrelas. Acordávamos sem pressa, ficávamos de bobeira pelo hotel ou pela cidade e aproveitávamos para colocar a parte de computador em dia: fotos, textos, vídeos. Aproveitamos para comprar uns filmes antigos e usados bem baratos em uma locadora da cidade. Todo dia eu passava na oficina para ver o andamento dos serviços. Não ficava muito tempo, pelo menos não tanto quanto gostaria, pra não atrapalhar o pessoal que estava com a mão na massa. No final, o trabalho ficou muito bem feito.
Pezão liberado, nos dirigimos novamente para a casa de Arjan e Inge. Eles, além de nos ajudarem com a receita do Lariam – medicação contra a malária que iríamos tomar na África – também nos cederam gentilmente algumas cápsulas que sobraram da viagem deles. Dormimos, então, mais uma noite por lá e tivemos outra oportunidade de agradecer e de nos despedir.
Era uma quinta-feira quando saímos bem cedo em direção, agora sim!, da África! A partir daquele momento a World Experience estava realmente de volta à estrada, e o destino era emocionante! Pela nossa programação, o capô do Pezão apontaria primeiro para o sul e sudeste, rumo ao Oriente Médio. Depois, uma nova cambada para o sul e depois para o sudoeste, contornando os fundos do Mar Mediterrâneo. Logo após, finalmente, o esperado continente africano! Decididamente, estávamos novamente navegando.
Saímos da Holanda nesse mesmo dia e, após cruzar um pedaço da Bélgica, entramos em Luxemburgo – um pequeníssimo país rodeado por Alemanha, França e Bélgica.
O ponto alto da visita à Holanda foi, sem dúvida, rever o Pezão e voltar à estrada. Curtimos bastante também os dias na casa de nossos amigos holandeses e a estadia na pacata Oisterwijk, além, claro!, do bom e merecido trato dado ao Carro das Neves.
No nosso cronograma, previmos estar nas altas e baixas latitudes nos verões de cada hemisfério, evitando, assim, o frio forte. Por enquanto, estávamos obtendo sucesso. Saímos do Rio de Janeiro em pleno verão carioca e atingimos, em junho, uma Miami de quase quarenta graus. Curtimos um pouco do verão europeu e era a hora, então, de cruzar a Terra de cima abaixo e chegar novamente ao verão do hemisfério sul.
Vamos ao sul! Vamos à África!