Europa

Noruega

Um pedaço de Brasil na Noruega

Lá vamos nós para o aeroporto! Mais chás-de-cadeira previstos. Assim como na chegada à Escócia, só conseguimos por preços razoáveis as passagens com várias pernas. Fomos de Glasgow para Londres, de Londres para Oslo e depois de Oslo para Aalesund, nosso destino. Para melhorar as coisas, o voo de Londres para Oslo atrasou e perdemos a conexão... Ou seja, mais quatro horas de espera no “agitado” aeroporto de Oslo. Pelo menos pudemos ver o primeiro tempo do jogo da Espanha com o Uruguai. 


Chegamos quase onze horas da noite, e meu amigo Gustavo estava no aeroporto de Aalesund nos aguardando. Foi muito bom ver uma cara amiga e falar português depois de mais de cinco meses fora do Brasil.  


Na verdade, não era bem noite... O sol ainda passeava pelo céu, proporcionando um belo entardecer. Após pouco mais de vinte minutos ele se pôs, transformando o firmamento em um azul turquesa fabuloso. Essa é a rotina da Noruega no verão: o sol aparece lá pelas cinco da manhã e reina até onze horas da noite. E o mais incrível é que, entre esses horários, não chega a escurecer totalmente. 


Chegamos no meio da semana, e tanto o Gustavo, como sua esposa Val, não estavam de vida mansa. Então, não teríamos muita oportunidade de explorar o país até o final de semana. Mas isso não foi problema. Aproveitamos os dias de semana para descansar um bocado e para conhecer a pequena e charmosa Aalesund. Com cerca de quarenta mil habitantes, Aalesund é uma das cidades mais bonitas da Noruega. Ela foi reconstruída após um gigantesco incêndio ocorrido no início do século XX e recebeu recentemente, pela Unesco, o título de patrimônio da humanidade. 


Esses dias foram muito bons! Foi até um certo alívio sair um pouco da rotina dos hotéis e restaurantes e curtir o ambiente de uma casa. Aditivados pela energia sem limites da pequena Rebecca, de pouco mais de dois anos, com o seu “vamvê Avatá?!”, nós aproveitamos cada segundo do convívio com eles. 


Um dos pontos fortes da nossa visita à Noruega foi, decididamente, a alta gastronomia local! Gustavo nos apresentou seus dotes culinários, aprendidos visivelmente na base do “te vira negão”, e tivemos a oportunidade de comer, finalmente, um feijão com sabor brasileiro. Incluindo paio e carne-seca trazidos do Brasil, sob encomenda, esse feijão finalmente matou a nossa saudade. Ainda rolou um estrogonofe de frango e um presente especial para a Du... Um pote imenso de requeijão! Que luxo! Ponto pro Magrão e pra Val! 


Na sexta-feira, o Gustavo conseguiu sua alforria um pouco mais cedo do trabalho e demos a primeira volta pelas redondezas. Rumamos sul e conhecemos um pouco das incríveis e escarpadas montanha norueguesas. O ápice deste dia foi o chamado Trollstigen, uma sinuosa estrada que escala uma imensa parede cortada por uma cachoeira de águas de degelo. Belo cenário! No topo da montanha, encontramos um final de neve à beira da estrada. Não perdemos a oportunidade de sair do carro e sentir com as mãos aquele que será, provavelmente, o único gelo natural que teremos contato na viagem. 


Para o sábado, tínhamos programado a ida a uma das mais belas paisagens do país: o Fjord de Geiranger. Porém, o tempo não ajudou, e passamos a viagem para o dia seguinte. Aproveitamos para conhecer o aquário da cidade e para um programa inusitado: assistir um jogo de futebol do time da cidade. A partida era contra uma das cidades vizinhas, Molde, então o clima de rivalidade pairava no ar: era dia de clássico! Toda a cidade estava vestindo a cor laranja do time do Aalesund e um quarto dos cidadãos, ou seja, dez mil pessoas, compareceu ao estádio. O estádio era muito organizado e bem construído, de fazer inveja aos nossos do Brasil. Agora, o futebol, nem tanto... O jogo acabou em um zero a zero bem mais ou menos. Mas valeu, e muito, a experiência! 


O domingo chegou e, com ele, o bom tempo. Saímos finalmente para a direção do famoso fiorde. Estradas calmas e muito bem mantidas nos levaram por todo o belo caminho, repleto de paradas para foto. Após uma interessante travessia de ferry, estávamos de frente para a grandiosa obra da natureza: indescritíveis montanhas rochosas descendo verticalmente ao encontro de um mar incrivelmente azulado. Fotos mil! Só vendo... Decididamente, este foi um dos cenários mais bonitos da viagem até agora. 


Aproveitamos o clima extremamente ameno, pois o sol proporcionava agradáveis vinte e cinco graus de temperatura, para almoçar. Passamos uma tarde incrível com Gustavo, Val e Becca. 


Segunda-feira era dia de partir para a França. Íamos encontrar nossas mães, que já estavam em Paris. 


Saímos da Noruega com a sensação de que tiramos umas férias. Foi como se tivéssemos achado uma ilha de Brasil em um pedaço do litoral da gelada Escandinávia. Aproveitamos muito e queremos agradecer a hospitalidade de nossos amigos, que conseguiram, mesmo com uma mudança recente de casa, nos receber tão bem. 


Fomos bem cedo para o aeroporto de Aalesund, pois queríamos almoçar ainda em Paris. Estávamos muito animados para encontrar nossas mães e finalmente abraçá-las. As duas estiveram por lá, sozinhas, durante quatro dias, e as histórias certamente renderiam grandes risadas. Mal podíamos esperar!