Ásia
Tailândia
Relaxando nas praias da Tailândia
Acompanhamos, apreensivos, as notícias sobre as enchentes na Tailândia. Cidades debaixo d’água, desmoronamentos, áreas isoladas, turistas sendo resgatados – a situação parecia complicada por lá. Depois de alguma pesquisa na internet, e também de ouvir em Luang Prabang o relato de um turista que tinha sido resgatado, ficou claro que a região mais afetada era ao sul, justamente a região das praias. Então, optamos por começar pelo norte e continuar acompanhando as notícias.
Decidimos então voar para Chiang Mai. Fizemos novamente um bom voo através das linhas aéreas asiáticas e, em pouco menos de duas horas, estávamos na cidade. O caminho do aeroporto para o hotel já deixou claro que encontraríamos uma cidade extremamente civilizada e turística. Ficamos hospedados bem no Centro, dentro do quadrilátero formado pelos canais da cidade. E nosso hotel era bem agradável.
Já no primeiro dia de peripécias tailandesas fomos atrás da grande atração da cidade: o bazar noturno, o maior do país. Já na chegada, próximo ao imenso portão, uma primeira atração: comida. Tudo muito diferente e interessante. Alguns turistas bem confiantes aventuravam-se inclusive em uma comida japonesa, ou seja, peixe cru, mas aí já era demais. Infelizmente tínhamos acabado de comer, senão seria uma excelente oportunidade de provar coisas diferentes. Para nossa fotógrafa, no entanto, foi um prato cheio.
Logo depois começamos a descer a rua do bazar, e aí era uma novidade atrás da outra. Parecia não haver limites naquele povo para a realização de trabalhos manuais. Roupas, bolsas e artesanatos, muitos artesanatos, impressionavam a cada metro caminhado. Trabalhos com palha, vidro, sabonetes, metais, dentre muitos outros, atraíam a atenção dos turistas que, com os preços extremamente atrativos, não deixavam de levar algo. Os serviços agregados, como comidas e outros, também traziam seu interesse. E um deles nos chamou muito a atenção: em uma das principais esquinas da rua, centenas de pessoas recebiam massagem ao mesmo tempo. Sem exageros. A maioria relaxava sentada em uma cadeira enquanto recebia massagem nos pés, mas, se olhássemos com cuidado, podíamos ver de tudo. Até no chão os apertões eram realizados. Fotos pra registrar!
Voltamos ao hotel realizados. O tempo tinha passado rápido.
No dia seguinte fomos em busca de um animal até então não visto por nós: tigres. A poucos quilômetros do centro da cidade, um local mantinha tigres quase domesticados, e a propaganda mostrava que você poderia interagir com eles. A primeira reação é de empolgação, mas logo veio o pensamento sobre a crueldade de manter animais em cativeiro. Bom, tínhamos que ir lá para ver.
O lugar era muito bem mantido, e não fazia você se sentir em um zoológico. A entrada era parecida com um daqueles brinquedos da Disney: tigres de pelúcia, bonés de tigre, adesivos de tigre, camisa de tigre. Na entrada nós pudemos escolher quais os tamanhos de tigre que queríamos ver. Optamos em ir à jaula de alguns maiores e outros um pouco mais jovens. Daí pra frente, foi tudo muito mágico. Os animais aparentam muito boa saúde, apesar do espaço um pouco diminuto para se movimentar. A idéia do lugar é fazer com que você fique próximo deles por cerca de meia hora. É inacreditável. Fomos primeiro nos tigres adultos. Eles estavam na postura clássica do gatuno, ou seja, dormindo, enquanto nos aproximamos por trás, com todo respeito!, e posamos para as fotos acariciando o gatão. Logo depois fomos aos menores e curtimos muito afagá-los e vê-los brincando na piscina.
Aproveitamos o final da tarde para visitar alguns templos budistas e novamente passear pela rua do bazar. Em uma feliz coincidência, jantamos com amigos brasileiros que encontramos em um dos templos.
O próximo dia foi o mais engraçado. Assim como no Laos, os tailandeses também estavam comemorando o ano novo. E, assim como no país vizinho, a comemoração era na base da guerra de água. Só que na Tailândia essa guerra tinha um vulto inúmeras vezes maior. Na verdade, a guerra era tão compulsória como as tradicionais. Não havia escapatória. Não tinha para onde correr. Se quiséssemos sair do hotel, tínhamos que aderir à batalha. Então foi o que fizemos. Colocamos tudo dentro de sacolas plásticas e paramos em uma birosca que, assim como a todas as demais, estava repleta de armas de água. Eles tinham desde armas mais simples, como o tradicionalíssimos e não menos eficientes baldes, até outras de ponta, como armas de pressão. Fiquei um bom tempo analisando o arsenal para depois simplesmente pegar a maior que tinha e colocar a primeira carga de água na loja mesmo. Foi hilário!
A Dani e a Du se armaram com dois baldes e partiram pra agressão geral. A Du pegou pessoas completamente secas e jogou um balde inteiro, na lata. Os arredores do canal formavam as principais praças de guerra. Eu era mais seletivo e trabalhava usando menos munição que, por sinal, vinha da água do próprio canal, que não era, digamos, cristalina. Tivemos momentos de muita risada. Um deles foi quando a Dani acertou uma baldada em um figura de scooter que acabou caindo. Ele estava bem devagar e, obviamente, não se machucou. Mas a corrida desesperada da Dani valeu o dia. Outra coisa engraçada era ver Alex. Realmente essa não era a praia dele, então ele não conseguia se envolver na guerra de água. O problema é que ninguém está nem aí pra isso, então ele também ficou ensopado! Almoçamos, torcendo as camisas, e fomos para o hotel tomar um banho quente.
Utilizamos os outros dias para passear pela cidade e depois decidimos partir para o sul. As notícias que chegavam eram de que o pior já havia passado e de que a maioria das cidades estavam bem tranquilas. Partimos de avião e chegamos em poucas horas em Hat Yai, na porção sul do país. A parada em Hat Yai foi somente para passar a noite e partir depois para uma das ilhas. Ela chamava-se Koh Lipe.
Estávamos preparados para brigar com o pessoal do transporte. Na internet tínhamos visto diversos relatos de picaretagem. O mais comum era eles te cobrarem para ir a algum lugar e, no meio do caminho, dizer que a passagem era somente até ali e que, para ir até o destino esperado, tinha que pingar mais um qualquer. Mas felizmente nada disso ocorreu.
Entramos na van no início da manhã e viajamos por algumas horas até o litoral. Lá, esperamos pacientemente pela embarcação que nos levaria a Koh Lipe. Embarcação aportada, malas e passageiros pra dentro, partimos. O dia estava muito bonito, o que nos fez sorrir o tempo todo. Depois de meia hora de navegação, as primeiras águas azuis embaixo do barco mostravam o potencial do privilegiado lugar. Bem no meio do trajeto, paramos em uma fantástica praia, com um portal rochoso esculpido pela águas. As águas eram incrivelmente claras. “Acho que vamos gostar desse lugar...”. Pensei.
Depois de mais uma hora de viagem chegamos a Koh Lipe. A água do mar era indescritível. Saímos do nosso barco direto para uma pequena e esguia embarcação que era propulsionada por um interessante motor ao ar livre. Era o nosso primeiro “Long Tail”. Chegamos ao hotel em alto estilo: barco na praia, malas na cabeça, pé na areia e todo mundo da pousada nos esperando para nos dar as boas-vindas. O sol estava forte e o calor tremendo. Sabíamos que tinha chegado, finalmente, nossa hora de ir à praia!
Foi uma estada impressionante. Começou pela espetacular pousada que ficamos. O quarto era do tamanho de um apartamento. Depois, o mar totalmente transparente na frente da pousada, o sol forte, a piscina, enfim, tudo! Foram dias totalmente incríveis que passamos fazendo snorkeling, saindo para caminhar ou simplesmente ficando na praia e na piscina. Estávamos nas férias das férias.
Em um dos ensolarados dias, saímos para um passeio em mais um long tail para ver as ilhas ao redor e fazer mais apnéias. Que lugares fantásticos! O ponto alto era alimentar com pedaços de pão os peixes que se aglomeravam ao lado do barco assim que chegávamos. Era um festival de vida. No fundo, as cores dos corais garantiam as boas fotos.
Pois é, foi uma vida dura que passamos em Koh Lipe. Os passeios pela rua de restaurantes nas mornas noites ajudavam a manter o clima “estressante”.
Saímos tristonhos em direção ao último long tail que pegaríamos em Koh Lipe. Aquele que, infelizmente, nos deixaria na embarcação que nos levaria de volta ao continente.
Nosso próximo destino era Railey Beach, perto da cidade de Krabi. Foi uma maratona. Depois de duas horas navegando, tivemos que esperar no porto por outras duas pra pegar a van que nos levaria à Krabi. Mais quatro horas de van e chegamos novamente à praia. Mas não tinha acabado. Tínhamos ainda que pegar um long tail até Railey Beach. Chegamos meio moídos no final da tarde, mas valeu à pena – um incrível pôr-do-sol fez valer toda a viagem.
Foi novamente um período mágico o que passamos. Mais massagens, praia e sol. Certa noite, um interessante show de malabarismo com tochas garantiu a diversão dos fotógrafos.
Aproveitamos a motivação dada pelo ambiente e fizemos um engraçadíssimo passeio de caiaque, o que nos deixou bem quebrados no final. Foi incrível passar próximo das imensas montanhas que emergem das águas claras. Estávamos torrados, exaustos e felizes.
Pegamos um novo barco em direção a uma ilha distante. Dessa vez fomos a uma mais famosa, chamada Koh Phi Phi. Deixamos uma parte da bagagem no nosso hotel e partimos mar adentro. Koh Phi Phi é muito interessante, apesar de não ter a magia de Koh Lipe. Pequenas ruas formam uma mini cidade. Aproveitamos muito. Em um dos passeios de barco, conhecemos a famosa Maia Beach, onde foi filmado o filma “A Praia”, com Leonardo Di Caprio. A praia é fantástica, mas como sempre a fama nunca joga a favor. A quantidade de pessoas na Maia é surreal. As embarcações só não tomam as areias por completo porque algumas áreas são cercadas e destinadas aos banhistas.
Fizemos ainda mais um passeio, dessa vez em uma embarcação mais rápida, para conhecermos a parte norte das ilhas. Nadamos com pequenos tubarões galha-preta e rimos um bocado com uma abertura na montanha que “respirava” com a maré. Na volta, paramos para ver um dos pores-do-sol mais bonito de toda a viagem. Parados no mar, esperamos o sol sumir por completo, em um vermelho intenso. Que vida!
Eu e a Du saímos para mergulhar. Seria muito legal carimbar mais esse ponto de mergulho. Rolou uma confusão no início do mergulho, e acabamos ficando por conta-própria. Nadamos sozinhos, sempre de olho no tempo para não nos esquecerem por lá. Foi um mergulho bom, mas sem nada de impressionante. No segundo, optamos por fazer uma apnéia. Foi muito mais legal. Aproveitei para praticar uma descida mais funda e assustar os mergulhadores autônomos embaixo, e a Du fez boas fotos e filmes. Em um dos mais legais, desci em direção a outro pequeno galha-preta.
Aproveitamos, como sempre, as noites quentes para caminhar e conhecer os restaurantes. Logo depois era hora de voltarmos. Passamos mais uma noite em Railey Beach e depois fomos embora. Era hora de dar adeus às praias da Tailândia.
Chegamos ao nosso último destino, a capital Bangkok, já à noite. Em pouco tempo pudemos ver o grau de civilização da cidade. Ficamos muito bem localizados, em um hotel bem próximo a uma das estações do trem de superfície.
Foi uma estada longa em Bangkok, mais longa do que tínhamos planejado. Isso porque o visto da Índia, nosso próximo e último país, demoraria uma semana para sair. Aproveitamos para descansar um pouco, ir ao cinema e ver algumas novidades. Aliás, uma novidade foi no próprio cinema. Depois de meia hora vendo propaganda e esperando o início do filme, começou um papo sobre o monarca tailandês. Qual foi nossa surpresa quando todos se levantaram no cinema em sinal de respeito. Nos entreolhamos e, com sorrisos meio amarelados, levantamos também. Vai que não levantar era crime federal com pena de morte? O filme valeu muito à pena. Era a animação “Rio”, passada na Cidade Maravilhosa. Matamos um pouco a saudade dos calçadões de Ipanema e Leblon.
Outro programa que fizemos foi um passeio de barco. Fui meio contrariado, pois não gostei da forma como um cara empurrou a gente para esse programa. Tava na cara que era armadilha pra turista. Mas, fomos em frente. Certa parte foi até interessante, mas foi quando entramos em um zoológico que eu perdi a linha. O zoológico era o circo dos horrores: animais muito mal tratados e totalmente deprimidos. Foi péssimo estar lá. Infelizmente isso fazia parte da programação. Era algo completamente diferente da fazenda de tigres. Certa hora foi anunciado um show com cobras. Revoltante! Os animais eram instigados a contra-atacar para parecerem agressivos e perigosos. Mas era só o palhaço se afastar um pouco pra cobra tentar fugir, assustada. Fiquei imaginando a rotina dessas cobras escravas, com esses shows diários. Aposto que a maioria preferia morrer a continuar com aquela vida. Saí da arquibancada e fui dar uma volta. Fiquei depois vendo de longe. Quando terminou, outra cena patética: os idiotas saíram pra cima da arquibancada. Não para pedir uma gorjeta, mas para exigir uma. Fiz questão de olhar com cara feia pra ninguém se aproximar. Aquele zoológico foi, para mim, um dos momentos mais tristes da viagem.
Fora isso, Bangkok foi só alegria. Em um dos momentos de alegria comemoramos o meu aniversário, o segundo durante a viagem, com um jantar perto das estrelas. Um bar e restaurante no 65º andar é uma das grandes atrações da cidade, e não nos decepcionou.
Chegou o dia da partida. Que espetacular Tailândia! O sal do mar ainda estava impregnado em nossas peles queimadas. Agora era hora de irmos ao nosso último país. E a empolgação era grande: fecharíamos a viagem com a famosa Índia!