América Central

Panamá

Panamá - saúde e diversão

Foi com um certo alívio que deixamos Cartagena. Nada que se aplique à cidade, pelo contrário! Cartagena nos pareceu bem agradável, apesar do calor. Na verdade, a união entre um belo “piripaque”, com direito a dez dias de hospital, e a até então desconhecida por nós tarefa de despachar o Pezão de navio, fez a viagem ficar menos turística e mais trabalhosa. Algo que era por nós esperado, mas que estávamos vivenciando pela primeira vez. Porém, o horizonte era bem mais promissor: a América Central nos aguardava carregando uma imensa quantidade de elogios de outros viajantes, inúmeras recomendações de livros turísticos e todo o tipo de expectativas favoráveis. Chegamos de avião à Ciudad de Panamá e, a partir daí, as previsões concretizaram-se.


Saímos do aeroporto já à noite. Pegamos rapidamente um táxi e pedimos para irmos ao bairro Cangrejo que, de acordo com o nosso guia, parecia o mais interessante. Mantemos a idéia de, em grande cidades, investir um pouco mais e ficar nos bairros mais desenvolvidos, de maneira a diminuir a exposição e o risco, até entendermos melhor como a cidade funciona. Ficamos em um hotel razoável, bem próximo da Av. España, movimentada e cheia de comércio, e da Av. Uruguay, cheia de bares e restaurantes. Estávamos bem!


Já no dia seguinte, partimos para conhecer uma parte da cidade. Sentindo falta do nosso amigo de quatro rodas, que nesse momento estava passeando de navio pelo Caribe, pegamos um táxi para conhecer o centro histórico, chamado Casco Viejo. Bom passeio, boa arquitetura e algumas fotos. Almoçamos por lá e partimos para o grande ponto turístico da cidade, o Canal do Panamá. A eclusa de Miraflores – a mais próxima da cidade e com o centro de visitantes mais desenvolvido – fica bem próxima e vale o ingresso. O Canal é fantástico! Há uma pequena sala de cinema, onde é projetado um filme sobre a história do Canal, e um museu. Depois de passar por eles, você entende a grandiosidade do Canal. Percebendo que a obra data do início do século XX, não há quem não se deslumbre. Aguardamos a passagem de um navio e vimos o Canal em funcionamento. Realmente um orgulho da engenharia humana.


Ainda era cedo quando voltamos ao hotel. O nosso ritmo não havia retornado plenamente, e as rotinas de medicamentos ainda nos perseguiam. Tínhamos que pegar leve. Pequenas incursões aos restaurantes da região e a um cassino próximo ditaram a rotina dos demais dias. Enquanto isso, aguardávamos o Pezão chegar ao outro lado, à cidade portuária de Colón. Após alguns contatos com a empresa de transportes, ficamos sabendo que o navio chegaria ao porto na quinta-feira à tarde, então agendamos a retirada para sexta-feira pela manhã. Descobrimos que há um madrugador trem da Ciudad de Panamá para Colón. Excelente! O trem trafega muito paralelo ao Canal do Panamá, então a viajem a Colón teria fins práticos e turísticos!  Acordamos bem cedo e partimos pra estação. Pegamos um taxi que possuía uma atração à parte: o próprio taxista! O cidadão panamenho estava ligado em duzentos e vinte volts! Quando falamos que éramos do Brasil e do Rio de Janeiro, ele imediatamente perguntou se gostávamos de samba. Resposta positiva, ele passou a falar da sua paixão: a salsa! Colocou um CD às alturas de uma tal de La Catchamba, ou algo parecido, e, voltando sempre a mesma música, cantava e se sacudia o tempo todo. O cara berrava! Além disso, mexia e falava com todo mundo que passava na rua. Isso às seis e meia da matina! Falei pra Du que queria a mesma coisa que serviram pra ele no café-da-manhã. Desembarcamos na estação em meio a entusiasmadas despedidas. Chegamos quinze minutos antes da saída do trem. A viagem, de pouco menos de uma hora, foi muito tranqüila. A paisagem era bem diferente e interessante à luz da manhã. Chegamos finalmente em Colón.


A estação de trem é vizinha ao Porto, o que nos fez comemorar o fato de que uma pequena caminhada nos levaria rapidamente ao nosso destino. Porém, na cancela de saída, o segurança nos sugeriu pegar um táxi. Isso para não andar por uma reta de menos de mil metros. O motivo era segurança. Como o táxi custava somente dois dólares e estávamos com a máquina fotográfica grande, além de dólares em espécie pra pagar o frete, não arriscamos. No papo com o taxista, ficou claro que a cidade era bem mais insegura. Por quase todos os países latino-americanos que passamos, ficou clara essa seqüela das pequenas cidades portuárias: por seu reduzido tamanho, resumem-se ao porto e nada mais. Isso diminui as perspectivas de áreas mais afastadas e seguras. Depois do nosso táxi de trinta segundos, chegamos ao escritório da transportadora. Olhei no relógio e eram oito e meia. Fiquei feliz de termos chegado bem cedo, pois sabíamos que não seria um processo rápido. Porém, não seria assim tão fácil.


Fomos direto a um guichê de “Atendimento ao Cliente”. Quando falamos que queríamos acessar ao container que chegara à véspera, a atendente deu uma torcida de nariz e pediu para aguardarmos. Pensei: “pronto! Deu alguma zebra!”. Não deu outra! O responsável veio falar conosco pessoalmente e deu a má notícia que o navio estava atrasado. Reclamamos um bocado, pois não estávamos hospedados em Colón e tínhamos vindo exclusivamente baseados no email dele que confirmava a chegada do navio para a véspera! O argumento dele foi que o atraso era culpa de outro porto colombiano, e que não ocorrera por responsabilidade deles. Alegamos que o ponto não era esse. Não teríamos problemas em vir no sábado ou mesmo na segunda-feira! O ponto é que eles colocaram a chegada do navio como certa. Se soubéssemos que havia risco de atraso, entraríamos em contato antes de sair da Ciudad de Panamá. Sem conseguir esquivar-se da responsabilidade de estarmos lá, o pessoal prontificou-se em verificar a viabilidade da abertura do container ainda naquele dia. 


Aí, vieram duas boas notícias: o navio chegaria à uma da tarde e o container do Pezão seria um dos primeiros a descer! Fiquei animado e preocupado. Vi que seria possível não perder a viagem a Colón, mas ficou claro que seria novamente correria! Durante a manhã aproveitamos para adiantar a parte burocrática com o porto e com a alfândega. Almoçamos e esperamos. O prognóstico estava correto. O container desceu do navio, mas tivemos acesso a ele somente às quatro da tarde! Com a alfândega fechando as cinco e o porto as seis, a tarefa de pegar o Pezão estaria longe do marasmo. O pessoal do porto demorou a entender porque eu estava tão agitado e querendo acelerar tudo. Para eles, seria somente abrir o container, desamarrar o carro, ligar e sair. Já tinham visto vários desses e não demorava mais do que vinte minutos. Só quando o container foi aberto e eles viram a caixa do teto amarrada de cabeça pra baixo no capô, as bicicletas de um lado, mais caixas de outro e a barraca em pé no fundo, entenderam o tamanho da encrenca. Tirar e remontar tudo era um trabalho de mais de duas horas. Isso porque já tínhamos contratado a empilhadeira pra colocar a caixa da frente e a barraca no teto. Senão estaríamos lá até hoje, tentando arrumar um grupo de oito pessoas dispostas a fazer muita força. Resultado: faltando cinco minutos para cinco horas, saí com o carro parcialmente montado para a vistoria da alfândega. Voltei e retomamos o trabalho. Às seis e meia estávamos prontos para sair, com direito a pessoal do porto exclusivamente nos aguardando para ir embora. Assim como em Cartagena, estávamos exaustos com a operação, e decidimos ficar mais um dia no hotel. Ficamos na vida mansa no sábado e partimos, no domingo, para a região serrana do Panamá. Estávamos muito animados e felizes de retornar a rotina de velejos com o Pezão! Nosso destino era uma cidade chamada Boquete (demorou quase dois dias para as piadas com o nome da cidade perderem a graça), muito bem falada (obviamente!), e tida como um dos principais destinos do Panamá. 


No domingo, não conseguimos sair muito cedo. Estávamos muitos dias sem o Pezão, o que impactou um pouco a agilidade que tínhamos adquirido em mobilizar e desmobilizar. Ainda passamos no supermercado pra abastecer a geladeira, que viajara desligada. Juntando com uma parada para trocar o alternador do carro (estava apresentando picos de carga, provavelmente por falha no regulador de voltagem, e arriscando queimar algum equipamento), acabamos obrigados a dormir no caminho. Optamos pela cidade de Las Lajas. Paramos em uma pousada recém inaugurada, de um simpático casal de alemães, e tivemos, em um bar/restaurante muito precário, o nosso pior jantar até hoje. Pela manhã, visitamos a praia local. Nada demais. Partimos pra Boquete.


Chegamos cedo, na hora do almoço, e fomos à forra da noite anterior. Almoçamos em grande estilo em um bistrô espetacular. Boquete é fantástica! Uma cidade serrana com tudo a que tem direito. Clima mais frio, bons hotéis, bons restaurantes, trilhas e cachoeiras. Ficamos por três noites e aproveitamos. A chuva foi convidativa pra descansar e comer bem. 


Em uma manhã, fomos visitar o Parque Volcán Baru. Poderíamos ir até certo ponto de carro e depois somente a pé. Sabíamos que o trecho de carro era um terreno para quatro por quatro, mas não nos emocionamos muito na entrada – não esperávamos grandes trilhas. Saímos despretensiosos. Já no início, vimos que o caminho era bem mais interessante e percebemos o sorriso no Pezão. Depois de um marasmo danado no navio, um terreno enlameado era muito bem vindo! A trilha era em descida e tínhamos que voltar pelo mesmo caminho. Isso trás consigo um certo risco, pois conseguir descer na ida não garante conseguir subir na volta. É como nas trilhas de moto (aliás, Douglas e João, se tem algo que sinto saudades é disso! Na volta se preparem pra um fim de semana exclusivo em cima das jubiracas!), as mais tranqüilas são as trilhas em subida. Se pipocarmos e quisermos voltar, o retorno tá garantido morro abaixo. Voltando ao Pezão...  passamos por uma primeira descida. Tranqüila. Umas duas pontes depois pintou uma descida mais arrojada. A Du me olhou e perguntou: “Dá pra voltar?!” Respondi que sim, tentando ser o mais confiante possível. Quase no final da descida, ela fazia uma bela curva, o que adicionava um tempero de dificuldade pra volta. Já embaixo, olhei pra trás e pensei: “vai ser, no mínimo, emocionante!”. Fomos até o final da parte de carro e voltamos logo. Estava chovendo, e eu só lembrava da subida. Passamos por algumas subidas menores sem problemas, mas deu pra ver que as pedras estavam bem soltas. Chegamos na “dita cuja”! Parei, respirei, conferi os cintos de segurança e parti! A Du fotografou e filmou o evento. Pena que seja difícil traduzir nas fotos e nas filmagens a real inclinação do lugar. Vocês terão que acreditar em nós [risos]! O Pezão iniciou a curva, mas a frente começou a escorregar. Pedi pra Du descer e ficar na trilha, acima do carro. Tentei de novo. O carro parou novamente na parte mais inclinada e começou a descer. Fui segurando no freio e ele desceu uns cinco metros. O problema foi que ele desceu reto na trilha que era em curva. Resultado: subiu com uma das rodas traseiras na lateral, ficando perigosamente inclinado. Saí do carro com todo cuidado e decidi usar o guincho pra avançar um pouco e sair daquela posição incômoda. Não queria arriscar descer mais e, conseqüentemente, inclinar mais. Amarrei o cabo de aço, usando uma fita apropriada, em umas parrudas raízes próximas e comecei a misturar motor e guincho. O carro estava patinando muito os eixos dianteiros, o que me fez lembrar que eu não estava utilizando um recurso muito importante do Pezão, o bloqueio do diferencial central. A alta inclinação da trilha, associada a um terreno muito escorregadio, estava fazendo os eixos dianteiros girarem em falso. Quando isso ocorre, toda a potência do carro direciona-se para o diferencial dianteiro, que está “livre”, tornando a transferência de potência para os eixos traseiros quase nula. Isso ocorreria no sentido inverso também, ou seja, com a traseira patinando. Coloquei imediatamente o bloqueio e, em nova tentativa, o carro deu um pulo pra frente. Retirei o guincho e encarei novamente a subida. Outra coisa! O Pezão se mostrou bem mais adaptado e subiu razoavelmente fácil. Parei no topo da subida pra e desci pra ajudar a Du a trazer o que tínhamos tirado do carro lá embaixo. Antes, pedi novas desculpas ao Pezão, e prometi não dar mais esse “mole”. O resto da trilha foi moleza. Almoçamos e voltamos pra pousada. A chuva da tarde convidava para uma bela sesta e depois uma massagem. Nada mal!


Partimos na manhã seguinte para Bocas del Toro, paraíso caribenho do Panamá! Tínhamos uma mistura de empolgação e desconfiança. A desconfiança vinha por dois motivos: a fama de águas pouco claras de Bocas, e a previsão do tempo. Principalmente a previsão do tempo era desastrosa. Chovia muito em Boquete, e todos os canais de tempo na internet diziam que este tempo também era o de Bocas. Era uma quinta-feira. Planejamos ir assim mesmo, para dar oportunidade à sorte e, se estivesse chovendo, ficaríamos somente um dia. Chegamos rapidamente. O Panamá tem essa vantagem: é muito pequeno. Então cruzamos novamente do Pacífico para o Caribe em poucas horas. Bocas del Toro pertence a Isla Colón, portanto foi momento de nos separarmos novamente do Pezão, que ficou em Almirante, no continente, e pegar uma barco-táxi para a ilha. O processo de achar um estacionamento, pegar o barco-táxi e arrumar um hotel contou com a assessoria bem humorada de William, mais conhecido como Shampoo. Por alguns poucos dólares, nos acompanhou todo o tempo. Na verdade, não precisávamos dar nada para ele. A sua fonte de renda são as comissões dos comerciantes, mas a simpatia e uma força com a bagagem valeram uns trocados.


No meio da tarde já estávamos abrigados e dando uma volta na quente avenida três, principal rua de Bocas. Eu estava morrendo de fome, então começamos a procurar algo pra comer. Qualquer coisa! Um salgado, uma minipizza, sei lá. Em frente a um dos locais potencialmente “saciadores” de fome, fomos abordados por uma figura meio bizarra, quase um mendigo, que balbuciou algo estranho: “- uid, uid, uid?”. Não entendi. Entramos em um pequeno supermercado e, na saída, quem estava lá? O panamenho da triste figura!  De novo: “- uid, uid, uid?!”. Parei pra tentar entendi e aí concatenei! O cara tava falando em inglês: weed! Era nada mais nada menos do que o traficante local! Mandei um “gracias!” e demos umas boas risadas! No entardecer, alguma chuva. Bom... veremos no que dá! Estávamos muito animados e nos divertindo com tudo. Inclusive com nosso quarto que, por ser no último andar e muito perto do telhado, tinha o teto devidamente inclinado, chegando a um metro perto da janela! Em pé, em frente da privada, eu tinha que ficar com o pescoço inclinado! Sorte que passávamos o dia inteiro fora, senão a combinação de muita água ou cerveja com aquele banheiro certamente terminaria em torcicolo!


No dia seguinte... surpresa! Praticamente nenhuma nuvem no céu! Um calor particularmente úmido convidava às praias da região. Comemoramos muito, tomamos café e fomos para um pequeno porto de onde saem os “tours” de lancha para os diversos pontos. Pegamos um que incluía a passagem pela baía dos golfinhos, por um ponto de apnéia chamado Cayo Coral, pela praia Red Frog e por outro ponto de mergulho chamado Hospital. Munida do equipamento de fotos subaquáticas, a Du estava empolgadíssima! 


A baía dos golfinhos foi meio frustrante. Somente uns dois gatos pingados vistos de relance. Era até meio patético. Cerca de vintes pequenos barcos andando em um ziguezague estressante atrás de uma aparição de um décimo de segundo de uma cauda ou barbatana. Animei o pessoal do barco, por sinal, panamenhos muito engraçados, para adiantar a viagem e ir para Cayo Coral. Chegamos em vinte minutos e paramos para o mergulho. Eu e Du nos atabalhoamos um pouco na montagem do equipamento, por ser a primeira vez, mas finalmente descemos do barco com a câmera em punho. A primeira impressão do mergulho confirmou a fama de pouca visibilidade. Estávamos em uma parte um pouco mais funda e com poucas cores. Porém, deixando-nos arrastar lentamente pela fraca correnteza, fomos nos aproximando de uma parte mais rasa que, com a luz do sol, revelou uma enormidade de corais de simplesmente todas as cores! Era impressionante! Um enquadramento de uma parte do coral podia conter mais de dez cores! Ficamos empolgados com as fotos e a única hora reservada para o mergulho passou muito rapidamente. Fantástico! O equipamento de foto sub mostrou que vai ser fonte de divertimento e fez valer seu espaço no Pezão! Vale a pena ver o resultado das primeiras fotos.


Almoçamos e fomos para Red Frog. Nessa hora já estávamos íntimos dos animados panamenhos e demos várias risadas juntos. Principalmente com a Sol! Pessoal de bom humor invejável. Para chegar à praia, tivemos que descer do barco em uma praia mais abrigada e cruzar de carro até a face do Caribe. Pegamos o tal carro e, em cinco minutos, descemos em uma praia indescritível. Lembrou-nos muito a praia Lopes Mendes, na Ilha Grande. Águas totalmente transparentes e incrivelmente quentes. Fomos recepcionados por um grupo de meninos e meninas, de aproximadamente dez anos, que traziam consigo o motivo pelo qual a praia tem esse nome: pequenas rãs de menos de cinco centímetros de tamanho presas entre grandes folhas. Os pequenos anfíbios, donos de um vermelho muito vibrante, passam o dia inteiro presas nesse espécie de casulo feito pelos garotos. Perguntamos se isso não as mataria, mas eles afirmaram que no final do dia elas saíam ilesas. Sei não... Passamos duas horas na praia, praticamente dentro da água. Espetacular!


No caminho de volta, paramos no ponto de mergulho Hospital. Um pouco mais fundo, com menos corais, mas com alguns animais. Achamos inclusive uma pequena moréia. Como estava mais tarde, havia pouca luz. Bom para testar o flash. Voltamos satisfeitos da vida! Se aquele seria o único dia de sol, já tinha valido a pena! Sobrou animação para tomar umas cervejas com os panamenhos. Abraços à Sol, Juan Carlos e Glória.


No dia seguinte... solaca de novo! Mais forte ainda! Como não estávamos contando com um novo dia ensolarado, não tínhamos planejado muita coisa. Mesmo assim, conseguimos um passeio para a praia mais distante: Zapatilla. Na volta, passaríamos de novo por Cayo Coral. Foram quase cinqüenta minutos na voadora até chegarmos à fantástica ilha. Faz jus ao adjetivo de paradisíaca! O tempo de permanência na ilha, de duas horas, foi curto para as caminhadas, mergulhos, cervejas (matamos realmente a saudade, após quase um mês sem uma gelada) e papos com um casal de americanos, Matt e Christie. Rimos sem parar e tiramos fotos incríveis! Voltamos e fizemos outra apnéia em Cayo Coral. Valeram mais algumas fotos. Para finalizar o dia, fizemos um dos melhores jantares da viagem. Dormimos contentes, completamente torrados pelo sol.


No dia seguinte já estávamos nos preparando para ficar de bobeira pela cidade. Até porque era domingo, não valendo a pena tentar cruzar a fronteira, e a chuva durante a noite foi impressionante. Ficamos acordados por quase uma hora no meio da madrugada. Nos momentos de vento mais forte o nosso cafofo, dono de uma relação com o telhado que, de tão próxima, era quase íntima, parecia que ia desabar! A chuva passou, mas realmente amanheceu nublado. Era cedo, então voltamos a dormir. Acordamos um pouco mais tarde, umas nove e pouco, e... solaca! Impressionante! Saímos para tomar café. Olhando o céu azul decidimos conhecer o outro lado da Isla Colón. Podíamos ir de barco ou de táxi. Achamos que já estávamos satisfeitos de barcos, então perguntamos sobre o táxi. O malandro quis nos cobrar vinte dólares só de ida. Achamos demais. Seriam quarenta pra ir e voltar. Acabamos achando uma solução bem mais divertida! Colocamos mais dez dólares na conta anterior e alugamos uma scooter por mais de cinco horas! Show! Fomos primeiro às praias Bocas del Drago e Starfish. Ficamos boas horas caminhando e fotografando. Almoçamos na mesma Bocas e partimos pro outro lado, onde a principal praia era a Bluff. Demos um mergulho fantástico. Pra variar, água quente. Pra variar, sol forte! Voltamos de tardinha, rindo de tudo e de todos. A Du filmou boa parte do passeio de scooter. Adicionando uma rápida volta pelo Centro, acabamos fazendo um divertido registro de quase toda a ilha.


O dia seguinte era segunda-feira. Lembramos então que a Costa Rica nos esperava. Acordamos bem cedo, pois o dia seria longo. Planejamos pegar o táxi-barco de volta ao continente, pegar o Pezão, ir até a fronteira, passar em ambas as imigrações e alfândegas e chegar até Turrialba. O dia amanheceu cinzento. Durante o trajeto do táxi-barco, vimos que o céu estava realmente negro e que, dessa vez, o sol não devia aparecer. São Pedro recebeu nesse momento, com total justiça, o título de “membro honorário” da WE! Tivemos três dias de muito sol para matar as saudades da praia e uma bela sombra para a estrada. Valeu!


Pegamos a estrada relaxados. Chegamos à fronteira do lado do Panamá e não perdemos nem vinte minutos. Ficamos “chocados” com um impaciente israelense que queria ter logo o seu passaporte carimbado. Esse cara não veio de Bocas! No lado costaricense, um pouco mais de morosidade e algumas idas e vindas a uma farmácia que incrivelmente tirava xerox e emitia seguros. Depois de uma hora, estávamos na nossa primeira estrada da Costa Rica!


Foi uma importante etapa da viagem. Voltamos a nos divertir e a nos sentir bem. Aprendemos a manejar melhor o ritmo e a cuidar mais da saúde. Tivemos de tudo no Panamá: cidade e construções, serra e frio, sol e praias. Realmente um período muito agradável.


Ainda precisamos recuperar o tempo perdido em Cartagena, por isso optamos por não conhecer o litoral da Costa Rica e focar nas serras e vulcões. Pelo que vimos até agora sobre esse país, certamente vem mais diversão pela frente!